18 dezembro, 2005
O sarau
Aqui na Universidade, fico no prédio da Geologia. Meu trabalho não tem relação com a geologia, mas meu orientador tem, então fico aqui. Os alunos de doutorado ficam em uma sala que eles chamam de “attic”.
A Cris, uma brasileira que chegou antes de mim, comentou com os outros colegas do “attic” que no Brasil nós fazemos saraus, para cantar, tocar, recitar poesias. Um dos colegas adorou a idéia e nos convidou para um sarau brasileiro-irlandês-escocês-inglês na casa dele. Como os alunos tiveram um jantar de fim de ano no dia anterior, muitos ainda estavam “curando a ressaca” e não apareceram. Fomos apenas eu e a Cris, empacotadas da cabeça aos pés e uma colega escocesa, a Caroline, de calças jeans, tênis e um moletonzinho. Ela é do norte da Escócia e acha o clima de Edimburgo bem “agradável”!
A “tentativa de sarau” foi uma noite ótima, porque tivemos um show particular do dono da casa, que toca em uma banda de ceilidh, uma festa típica escocesa. Ele também tocou algumas músicas da terra dele, a Irlanda. A Caroline cantou músicas escocesas e a Cris cantou uma música brasileira que eu nunca tinha ouvido, de uma cantora brasileira que eu não conheço. Tudo novidade!
No ônibus de volta para casa, a Caroline estava explicando as letras das músicas em gaélico. Disse que pelo ritmo as músicas parecem alegres, mas na verdade são uma reclamação só: “nossa casa desabou, a plantação de batatas está arruinada, não pára de chover, faz frio demais, não tem nada para comer, ai meu Deus como sofro!” Já sei que na próxima TPM o Z vai dizer que sou descendente desse povo!