28 setembro, 2006

 

Fora da lei

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Nessa época de eleições, uma das coisas que me chamam a atenção é a referência ao crime. As pessoas adotam uma atitude completamente maniqueísta e intitulam-se "pessoas de bem", que devem ser protegidas dos "marginais".

É claro que a segurança é um problema sério e que deve ser resolvido (ou remediado, o que der) urgentemente. De forma alguma estou aqui defendendo ou aprovando atitudes como as dos membros do PCC.

Mas... só uma reflexão: quando você dirige a 100 Km/h em uma pista cujo limite máximo é 80 Km/h, você está agindo fora da lei assim como o cara que roubou uma banana na feira. A diferença é que você, neste caso, só paga uma multa, enquanto o cara da banana pode ser preso. Mas os dois são infratores. Assim como os cônjuges que cometem adultério (ao que me parece, artigo 240 do Código Penal), as pessoas que praticam "atos obscenos" (sem viajar na definição de "obsceno"), as pessoas que vendem bebida alcoólica para menores de 18 anos, as pessoas que fazem cópias ilegais de livros e cds. Todos agimos fora da lei em algum momento. Nenhum de nós tem o direito de empinar o nariz e se vangloriar de ser completamente "de bem".

Meus vizinhos, por exemplo, descumprem a lei de silêncio após as 10 da noite. Aaaaah, para mim este crime deveria ser punido com prisão perpétua! Quem não consegue respeitar seus vizinhos não está preparado para viver em comunidade. Por que não me roubam bananas e me deixam dormir em paz? Como pena, eu trancaria todos em um lugar bem barulhento! Mas, para o bem geral da nação, eu não faço leis. Pelo menos em teoria, temos uma pessoa bem mais isenta e mais preparada que eu para ponderar a importância de cada crime e o peso de cada pena.

E é aí que eu queria chegar. As pessoas que se declaram "de bem" geralmente querem agir como no exemplo bobinho que coloquei acima. Querem criar leis e ditar o que deve ser feitos com os "marginais", sem enxergar o quanto estão sendo parciais.

Você já fez "xerox" de algum livro? Então provavelmente é um infrator da lei, concordando ou não, tendo motivos ou não. Já conversou com o cara que roubou as bananas para saber se ele concorda? Se ele tem motivos? Mais uma vez, não estou defendendo quem rouba, quem estupra, quem bate em criança (ou em qualquer pessoa), quem mata, quem seqüestra. De jeito nenhum. Mas estou propondo que tenhamos olhos mais humanos. Que tenhamos consciência da nossa natureza imperfeita e da grande irmandade que formamos. Não será este o caminho?

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Pobre de marré, marré

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Já aconteceu várias vezes. Estou dirigindo e a pessoa do lado me dá as instruções de onde ir: "vire ali onde virou aquele Clio". E eu sei lá o que é Clio? Tem que me dizer assim: "vire ali onde virou aquele carro vermelho". Aaaaah, muito mais fácil! As cores Luluzinha sabe!

Esta história de carros me faz pensar que, além de desatenta, eu sou pobre mesmo. Sei reconhecer apenas Uno, Fusca, Brasília e Chevette. Mas a reportagem do Fantástico algumas semanas atrás me fez perceber que não, eu não sou pobre, sou miserável! A repórter falava sobre o quanto as mulheres gastam no cabeleireiro. Algumas, mais velhas, poderiam ter comprado um apartamento com o dinheiro que foi embora no salão de beleza! Aí sim, eu tive a confirmação absoluta da minha miséria: de dois em dois meses eu pago 10 reais para a minha vizinha cortar meu cabelo, e, mais ou menos com esta freqüência, gasto uns 8 reais com shampoo e condicionador. E é tudo! Deve ser por isso que eu sou meio feinha... a beleza geralmente é proporcional à quantidade de dinheiro!

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