21 abril, 2006

 

Calum Colvin



À esquerda,
Venus Anadyomene
(after Titian) 1998.
Obra do artista
Calum Colvin,
de Glasgow.
O quadro é a "releitura"
da obra da direita,
a Venus Anadyomene
de Titian.




Abaixo, "The Kelvingrove Eight", 2000. Este último eu vi "ao vivo", no "Scottish National Portrait Gallery" e adorei. Reparem nos detalhes! É a imagem de uma sala, misturada com a representação de oito artistas escoceses: Janice Galloway, Alasdair Gray, Tom Leonard, Bernard MacLaverty, Liz Lochhead, alan Spence, Jeff Torrington e Agnes Owens.



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20 abril, 2006

 

Vida corrida...

Foto para quem é de foto...
(adorei esta aqui. Tirei em "Largs", na costa oeste da Escócia, perto de Glasgow. Não tem retoques!)



...e textinho sobre o cotidiano, para quem é de textos...

Propaganda de graça hoje

Tem gente que divide a humanidade entre os que preferem Snoopy e os que preferem Garfield. Ou entre quem separa as metades do biscoito recheado e quem come o biscoito inteiro. Verdadeiras teses de psicologia! Dá também para separar entre quem prefere Toddy e quem prefere Nescau.
Eu sempre preferi Nescau, mas, aqui, não tenho o direito de preferir nada, porque nos supermercados só encontro cacau em pó solúvel, que é fooooorte e não dissolve no leite (apesar de vir escrito “solúvel” na embalagem). A opção? “Ovaltine”, que vem em uma embalagem bem parecida com a do nosso “Ovomaltine” (aquele do milkshake do Bob’s), mas com um gosto completamente diferente. Fraaaaaaaco que duas colheres não fazem nem cócegas. Mesmo gosto do leite puro, só que com mais calorias. Ai, ai...
Como é que pode um supermercado não ter Nescau? Agora entendo perfeitamente a amiga da minha cunhada, que estava na Espanha e pediu para a mãe mandar “Chocolate Mágico” para o outro lado do Atlântico!


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17 abril, 2006

 

Atrasado, mas tá aí: a Páscoa em Edimburgo


Na sexta-feira eu estava quase indo dormir quando, trocando os canais da TV, vi que estavam transmitindo um show ao ar livre. Parecia um daqueles shows promovidos pela Globo, como o “criança-esperança”. Achei estranho fazerem um “criança-esperança” na sexta-feira santa e resolvi ver o que era... não consegui desligar a TV antes do final. Era a encenação da paixão de Cristo em Manchester, na Inglaterra. Tudo foi adaptado para uma visão moderna da história, com as peças acontecendo nas ruas de Manchester e em um palco principal, cercado pela multidão. Quando Jesus conversa com os criminosos que serão crucificados ao seu lado, eles estão em um camburão da polícia, sendo levados para o local da crucificação. Todos vestem roupas modernas, inclusive os atores que representam os policiais. Pedro, representado por um negro, renega Jesus e a mulher que o acusa é uma executiva, andando apressada pela rua em cima de saltinhos e carregando uma pasta. A cena da crucificação não é mostrada, todos vêem apenas uma cruz iluminada e uma mulher canta... rock. Aliás, todos os atores cantam rock contemporâneo durante a encenação. E, apesar de as músicas obviamente não terem sido compostas com esta finalidade, era incrível como as letras se encaixavam no contexto. E a multidão cantava junto. No final, Jesus aparece no alto de um edifício e canta a última música. Sem desrespeito às diversas religiões, sem interpretações “fortes” ou apelativas, com uma mensagem positiva e intensa participação popular.




No sábado, fui assistir ao vivo às “Easter Plays” aqui em Edimburgo. Um estilo bem diferente da encenação de Manchester, a começar pelo horário: duas da tarde. Tentaram reproduzir as roupas de época, túnicas para os apóstolos e uniformes para os soldados, e, também, todo o sofrimento da crucificação. Tudo o que a gente já conhece “de cor e salteado”, sem novidades. A encenação aconteceu em vários pontos dos “Princess Street Gardens”, com a platéia acomodada no gramado e a vista do Castelo de Edimburgo ao fundo. Enquanto Jesus chorava e gritava lá na frente, escuto uma vozinha atrás de mim: “mãe, o que é que ele tá falando?”. Duas brasileiras de Caraguá, mãe e filha, assistindo à peça atrás de mim. Comecei a conversar com a mãe e só paramos porque Débora, a filha, queria mesmo entender alguma coisa do que estava acontecendo, e, para isso, precisava da ajuda da mãe. “Quem é o Judas? É o de marrom?” “Mãe, mas o Judas é bom ou é mau?”

E não apenas as crianças ficam perdidas. Um amigo que estava comigo contou que, no ano passado, ele foi assistir à mesma encenação com um amigo japonês. O amigo dele não tinha formação cristã e perguntava “mas por que crucificaram Jesus?”. E o escocês não queria responder para não “estragar o final da história”. Mas... será que o japonês conseguiu entender algo tão complexo apenas assistindo à encenação?

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Minha janela de frente pro crime

No texto anterior a Lili colocou uma música e eu me lembrei desta outra (infelizmente não sei como fazer para vocês ouvirem música no blog (sem eu ter que pagar), então fica só a letra):

De frente pro crime
Composição: João Bosco - Aldir Blanc


Ta lá o corpo estendido no chão
Em vez de rosto uma foto de um gol
Em vez de reza uma praga de alguém
E um silêncio servindo de amém

Pôxa cara, tô ligado no seu drama
Com a a cara nessa lama teve medo de morrer
de viver, de sofrer, de nem ter o que comer
Ninguém liga pra você
Ninguém liga nem nunca ligou

O bar mais perto depressa lotou
Malandro junto com trabalhador
Um homem subiu na mesa de um bar
E fez discurso pra vereador

É, ninguém liga pra você nem nunca ligou
Hoje sobra tanta indiferença, indignação
Falta luz, falta governo, falta educação
Tanto que com o preconceito em alta
Só não sentem a tua falta, meu irmão!

Veio camelô vender anel, cordão, perfume barato
E baiana pra fazer pastel e um bom churrasco de gato
Quatro horas da manhã baixou o santo na porta-bandeira
E a moçada resolveu parar e então
Ta lá o corpo estendido no chão

Quem sabe agora você pode descansar,
Se livrar da injustiça
Desse medo dos bandido
Medo da polícia
Maldita cena projetada na janela
TV de todo dia, gente pobre é sempre réu
O que te resta é um pouco dessa lua
Refletida na sarjeta, teu pedaço lá do céu

Sem pressa foi cada um pro seu lado
Pensando numa mulher ou num time
Olhei o corpo no chão e fechei
Minha janela de frente pro crime

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