24 março, 2006

 

A gente ganha pouco mas se diverte...


... bom, nem sempre, porque às vezes o trabalho não deixa a gente se divertir. Mas, pelo menos no que depende da decoração, o pessoal daqui se esforça:
Ah, sim: já contei pra vocês que fico no meio dos geólogos, apesar de meu trabalho não ter nada de geologia? "Rock" por aqui não é o estilo musical preferido, são as famosas "pedras" que não podem ser chamadas de "pedras".
Caroline, menina que trabalha do meu lado, tem uma máquina de quebrar "pedras" (que não são pedras) e estuda o tempo que elas demoram para quebrar e o modo como elas se quebram. Ela tem fama de desastrada, então fizeram esta brincadeira com a pobre menina:

E faltou fotografar o corredor onde de vez em quando eles jogam "bad mington"!


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23 março, 2006

 

Cruz sem credo!


Pesquisando para escrever a história da bandeira da Escócia, estava procurando “saltire cross” no google. Não encontrei o que eu queria (uma tradução adequada para o português) e encontrei isso aqui:

“A cruz é um dos símbolos mais velhos e mais universais. Em sociedades pré-literárias, geralmente representava uma conjunção de dualidades. O braço horizontal era associado à morte e às coisas terrenas, mundanas, femininas, temporais, destrutivas, negativas e passivas. O braço vertical era associado à vida e ao celestial, espiritual, masculino, eterno, criativo, positivo, ativo.” (fiz uma tradução "adaptada" do que encontrei aqui)

Ô meu Jesus Cristinho, até a interpretação da cruz é machista? Foi isso mesmo que entendi?


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22 março, 2006

 

Blog a quatro mãos hoje:

Os homens são de Marte e as mulheres são de Vênus! Alguém tem alguma dúvida?
(Elis, você pode mandar seu endereço PRA MIM, por favor?)

Z escreveu:
Ha Ha !! O bilhetinho está comigo !! É só um desejo de boa leitura, mas eu guardei porque sei que a mulherada dá muito valor a coisas que eu considero inúteis. O problema foi que, mesmo me policiando neste sentido, deixei passar o endereço do remetente. Ainda tenho o que melhorar, e muito !! Confesso também que estou enfrentando problemas com as propagandas do Banco. Lê-las é atribuição sua e estou com dificuldades nesta área do conhecimento humano. Nada de carta do xxx (vetado pela autora). As tuas últimas correspondências foram um extrato de banco e o boletim do yyyy (veja o meu progresso, mesmo considerando o boletim do yyyy inútil, eu guardei o bicho).

Beijinho,
Z

PS: é mesmo, o outro é da Lya PLUFT ("a fantasminha") ! De qualquer modo são 5 livros diferentes, o que eu levaria o resto da vida para ler !


Lu escreveu:
Z, vem cá, você viu se tinha algum bilhetinho no pacote da Elis? Não jogou o bilhetinho fora não, né? São só dois do Saramago, o outro é da Lya Luft.

Ah, sim, chegou alguma carta do xxxxx por aí?
Beijinho,
Lu


Z escreveu:
Oi Lu, Sim claro, é , o , é , o endereço da Elis ... bem, ah , vou ter de passar no lixão, pois o envelope foi para o reciclável ontem à noite e o saco foi para o latão hoje pela manhã. Bem, a notícia boa é que os três do Saramago são diferentes !! Eles não se repetiram (eu acho).

Beijinho,
Z


Lu escreveu:
OBA! Tenho uma biblioteca nova! 2 que a Márcia mandou + 1 da Elis + 2 de presente da sogra = leitura para 5 semanas!

Z, faz um favor? Me passa o endereço da Elis que eu vou mandar um postal pra ela.
Beijo,
Lu


Z escreveu:
Lu, Duas novidades:
1) Daiane dos Santos deslocou o cotovelo esquerdo !! Agora sim ela é uma atleta completa !!(*)
2) Elis te mandou mais um livro do Saramago ! Digo mais um porque sua outra amiga já tinha te enviado outros dois antes!
Beijinho,

Z


(*) na verdade esta troca de e-mails já aconteceu há algum tempo (acho que o braço dela já deve estar bom), mas resovi falar das viagens antes, então só hoje pude tornar público este lado insensível do Z (mas eu adoro meu ogrinho!).

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21 março, 2006

 

As bandeiras


Outro dia, visitando um castelo, perguntei a um escocês: "ué, o que é que a bandeira da Inglaterra está fazendo ali?"
Bom, aquela não era a bandeira da Inglaterra, apesar de a Inglaterra ter "se apoderado dela", nas palavras do escocês. Era a bandeira do "reino unido a força", nas minhas palavras.

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A bandeira da Escócia

Saint Andrew foi um dos doze discípulos de Jesus. Os romanos pensavam que ele era um homem perigoso, por espalhar idéias “erradas” entre as pessoas, então decidiram matá-lo. Sabendo que iria morrer, ele pediu para ser crucificado em uma cruz diferente, porque achou que não era bom o suficiente para ter a mesma cruz de Jesus. Foi então crucificado em uma cruz em forma de x, chamada saltire cross.
Naquela época, a Escócia era uma terra pouco conhecida pelo resto do mundo (e a julgar pelo nosso orkut ainda é até hoje). Os poucos romanos que vieram até a Escócia chamavam este lugar de Caledônia.
Depois da morte de Saint Andrew, seu corpo foi enterrado por outros cristãos em um lugar chamado Patrae, na Grécia. Por ele ter sido um dos doze apóstolos de Cristo, sua fama era muito grande e as pessoas queriam visitar seu túmulo, acreditando que ele intercederia por eles. Quase 400 anos depois de sua morte, o imperador Constantius decidiu que Patrae não era um lugar "à altura" e então ordenou que os ossos do santo fossem trazidos para a sua capital, Constantinopla, a maior cidade do mundo naquela época.
A pessoa responsável por cuidar dos restos mortais de Saint Andrew, um homem chamado Regulus, sonhou que era visitado por um anjo. No sonho, o anjo disse que os ossos de Saint Andrew não deveriam ser levados para Constantinopla, mas sim para “uma terra distante na extremidade do mundo”. Regulus deveria levá-los até lá e construir uma capela. É claro que Regulus obedeceu ao anjo e não ao Emperador! Ele viajou pela Europa até chegar à costa leste da Caledônia. Ali, em um lugar chamado Muckros, ele construiu a capela. Dizem que ele enterrou os ossos atrás do altar. Com o passar dos anos, o lugar mudou de nome, Regulus foi também considerado santo e Muckros tornou-se conhecido como Kilrymont, a montanha da capela de Regulus.
É lógico que era um orgulho para uma terra nos confins do mundo ser “o último lugar de descanso de um dos doze apóstolos”. Os escoceses criaram, digamos, uma afeição especial pelo santo, e, pouco tempo depois, o lugar começou a ser chamado de Saint Andrews. No lugar onde ficava a capela foi construída uma catedral de pedra. Ainda hoje é possível ir até a cidade e ver a Saint Rule’s Tower (Rule é o nome em inglês para Regulus), atrás das ruínas da Catedral.

Naquela época a Escócia não era um único país, era dividida em quatro reinos diferentes. Um destes reinos era “Pictland”, a terra dos pictos. No ano de 761 (são só três dígitos mesmo), os pictos estavam lutando contra os anglo-saxões que viviam no norte da Inglaterra (a Inglaterra também era dividida em vários reinos). Os dois exércitos estavam muito próximos quando o rei dos pictos, King Angus, teve um sonho e viu Saint Andrew com a saltire cross. A batalha aconteceu no dia seguinte e os pictos tiveram uma grande vitória. Desde então, os pictos adotaram Saint Andrew como seu santo protetor e a saltire cross como seu símbolo. Mesmo quando acabou o reinado dos pictos e a Escócia tornou-se um único país, a fama de Saint Andrew era tão grande que ele tornou-se o santo padroeiro de toda a Escócia.
A atual bandeira remete à história do sonho do Rei Angus, que viu Saint Andrew segurando uma cruz prateada contra o céu azul.


(Imagem do Wikipédia)

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20 março, 2006

 

Fife



Neste fim de semana fui passear pelo “Kingdom of Fife”. Depois eu dou os “detalhes técnicos”, mas vou pesquisar antes para não falar bobagem.

Até agora eu tinha feito meus passeios por conta própria. Geralmente com uma amiga, mas no esquema “miséria”, pegando o trem e levando sanduíche na bolsa.
Desta vez resolvi ir de excursão. Pesquisei vários folhetos, comparei os roteiros, a duração da viagem, os atrativos de cada excursão, os preços. No final, desconsiderei todos os outros itens e fiquei com a excursão mais barata mesmo.

Entrei no ônibus e o motorista disse algumas coisas com um sotaque carregadíssimo. Primeiro pensamento: “como é que colocam um irlandês para conversar com os turistas?”

Sentei e descobri que o motorista era também o guia! Ele usava um “headset” na cabeça e ia falando pelo microfone enquanto dirigia. “Ih, esse barato vai sair caro”, pensei. Olhei para os lados e comecei a ver vários casais em clima de lua de mel, esfregando os narizinhos, dando beijos e conversando com aquela voz melosa. Aí o desespero foi total! Ah, gente, “não estou podendo”!

Ainda ajustando a tecla SAP, entendi ele dizer que quem fosse para Saint Andrews (meu destino) deveria mudar de ônibus com ele. Entrei no outro ônibus: só um casal e... muitos velhinhos! Oba, velhinhos! Que emoção! Acho que se eles fossem para outro lugar eu seria capaz de trocar de roteiro para ir com eles!

O motorista se apresentou, disse que o avô era irlandês (ah, sabia!). Seguiram-se as apresentações: o casal era da Austrália, um dos velhinhos era da Espanha, e, o resto, todos os outros velhinhos, dos Estados Unidos! Que coisa, não sabia que os norte-americanos gostavam tanto daqui!

Quando me apresentei, ele falou do futebol (lógico) e perguntou de que lugar do Brasil eu era. Nestas ocasiões eu sempre respondo “São Paulo” para simplificar as coisas. Imgina explicar que nasci em Minas Gerais, mas que agora moro em São Paulo, mas não na cidade, no estado. E dizer o nome da cidade que é impronunciável para eles. Ah, muito trabalho. Eles só ouvem falar de São Paulo e Rio mesmo! Mas até que o motorista/guia me surpreendeu! Disse que infelizmente não sabia falar português (sim, disse “português” e não “espanhol”, o que é uma coisa rara) e disse que São Paulo (a cidade) tem a maior colônia japonesa fora do Japão. E que quando os japoneses se casam com brasileiras dá uma mistura muito bonita (aaah, garanto que veio alguma japa mestiça na sua excursão, né, safado?)

Contrariando minhas previsões pessimistas, toda a viagem foi incrivelmente boa. Vocês não sabem como é bom não ter que tirar fotos dos outros! O dia rende! E, quando eu queria fotos de mim mesma, programava a máquina do jeito que eu queria. Perfeito!

A excursão começou passando por antigas vilas de pescadores. Elas são um charme, apesar de as praias não serem lá tão bonitas. Dizem que têm os melhores “fish and chips” da Escócia, mas desta vez não comi. Comi um sanduíche bem rapidinho e aproveitei o tempo para conhecer o “Fisheries Museum”. Os museus do Reino Unido são muito bem feitos, são interativos. Têm som, têm músicas, têm coisas para tocar com as mãos, têm bonecos. Este apresentava desde uma jangada primitiva até reproduções de embarcações modernas e mostrava também algo sobre a vida dos pescadores e suas famílias (uma vida bem pobre).

E a excursão, por fim, chegou a Saint Andrews. A cidade tem campos de golfe famosos (e o Museu do Golfe), a praia onde foram filmadas algumas cenas de “Chariots of fire” (Carruagens de Fogo, aquele filme do povo correndo na praia) e as ruínas de um castelo, na beira do mar. Tem também um aquário com peixes, sapos, tubarões. Parecido com o outro de North Queens Ferry, onde fui em dezembro. E, não poderia deixar de citar, Saint Andrews é a cidade onde estudou o príncipe Willian (eles contam isso com um orgulho enorme).

Mas o que me motivou desde o início a conhecer Saint Andrews foi a história da Bandeira da Escócia. Esta eu conto no próximo texto...

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19 março, 2006

 

ET trying to phone home


Nos comentários ali embaixo, fiz uma listinha de coisas que me fazem sentir um ET. Comportamentos ou preferências diferentes dos “padrões”. Mas esqueci de colocar um item na lista. Vou contar aqui a historinha.

Depois de três meses morando em Edimburgo, sem marido, sem telefone, sem carro, sem comida decente, sem meus peixinhos e meus cactus, etc, etc... decidi que queria um celular para me comunicar com meus amigos com menos dificuldade. O problema é que não valeria a pena comprar um celular para usar apenas três meses. Sugeriram um tal de “triband”, que eu poderia usar quando voltasse para o Brasil, mas era muito caro. Comecei a pedir dicas para as pessoas que conheço e um amigo me ofereceu um celular antigo que ele tinha. Perfeito!

Abri o pacotinho que meu amigo trouxe: hum.. celular, um fiozinho que deve ser para carregar na tomada... ah, encaixa aqui! Peraí! Cadê o manual de instruções? Cabe aqui um parênteses sobre mais uma característica desta etezinha: sim, minha gente, eu leio manuais de instruções. Leio manuais, leio bula de remédio, leio qualquer coisa que tenha mais palavras que números. Mas, voltando à história, ele não trouxe o manual. Sem alternativa, procurei uma amiga brasileira para pedir algumas dicas. “Deve ser parecido com os que você usou antes”. “Mas eu nunca tive um celular”. “O quê? Como assim?”

Depois de uns 5 minutos com cara de “como é que alguém pode sobreviver sem celular neste mundo?”, minha amiga deu algumas instruções: para ligar aperta aqui e ali, blábláblá. Tá bom. No dia seguinte, aparece um envelope piscando na tela do celular. E agora? Como é que eu faço para chegar no envelope sem um mouse? Fiquei apertando aqui e ali e... ufa! Consegui abrir o envelope sem clicar. Era uma mensagem de texto. Como é chato demais digitar um texto, mesmo que curto, no celular, o pessoal abrevia tudo. É uma nova língua. A mensagem do meu amigo terminava com “cu”. Me digam, mesmo sabendo que isto significa um inocente “tchau” (“see you”), vocês não achariam estranho receber uma mensagem que termina com “cu”? Ah, eu acho!

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