12 janeiro, 2006

 

Preteana



Essas histórias e estórias sobre as línguas são boas demais! Outro dia estava conversando com um chinês, e aí, como sempre, a conversa caiu no “o que você faz?”. Acho essa pergunta um horror, porque é difícil explicar até para mim mesma o que eu faço. É algo complicado e confuso, como a maioria das propostas de doutorado. Tentei explicar como pude, e ele, com um super entusiasmo: “nossa, que legal, que coisa interessante! Queria estar fazendo isso!”. Eu, sem entusiasmo algum, quase disse para ele ficar no meu lugar...
Quando devolvi a pergunta, ele disse que faz o doutorado na lingüística e estuda o modo como as populações criam uma identidade própria através da linguagem. E aí foi minha vez de repetir todas as exclamações dele! Com toda a sinceridade! Não deve ser uma coisa legal demais de estudar?

A história que uma amiga portuguesa me contou é um exemplo de como as línguas dão voltas, se inserem na vida das pessoas e por vezes criam situações engraçadas. Ela disse que em Portugal, muitas mulheres têm o nome de “Preteana”. Nas pequenas vilas, “prete” é uma palavra usada com o sentido de “ponha”, “coloque”. Os filhos nasciam nas vilas e os pais iam até as cidades maiores, chegavam no cartório e diziam “prete Ana” (ponha (o nome de) Ana). O funcionário do cartório, homem de cidade grande que não sabia o que era “prete”, escrevia tudo do jeito que ouvia.

E aí minha amiga portuguesa foi explicar a história, em inglês, para um italiano. Em inglês, “ponha Ana” seria “put Ana”. E, aos ouvidos do italiano, surge uma palavra conhecida: “putana”!


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