26 abril, 2006

 

As canetas da chata de galochas


_ Lu, posso pegar sua caneta emprestada um minutinho?
_ Pode, claro.

2 horas depois:
_ Tchau, bom fim de semana, Lu.
_ Hum... escuta, você se importaria de devolver minha caneta? É que eu estou precisando dela, sabe?

Depois de muitas caretas e uma vasculhada nos bolsos e nas pastas, com uma cara de “essa Lu é a pessoa mais chata que eu conheço”:

_ Ah, tá aqui. Você sabia que a gente pode pegar material de escritório lá na secretaria? É só ir lá e pegar. Você pode pegar lápis, borracha, caneta, marcador de textos, o que precisar.

Diálogo mental: então por que VOCÊ não vai lá pegar a caneta da secretária em vez de pegar a minha?

O que me incomoda nestas situações é que, apesar de claramente eu ter razão, sem mais nem menos viro bandida em vez de mocinha. As pessoas ficam ofendidíssimas quando eu peço a caneta de volta. As pessoas, no plural? Sim, isso também acontecia comigo no Brasil. Acontecia com tanta freqüência que eu chequei a colocar meu nome nas canetas, com tinta a prova d’água. E uma vez, mesmo com o meu nome gravado, uma pessoa levou minha caneta embora. E só devolveu porque fui lá buscar. Em vez de ficar sem graça (eu ficaria), ainda fez piadinha: “vi o seu nome e pensei que você devia mesmo gostar muito dessa caneta”.

Sinto-me impotente diante desta força cósmica que move o fluxo das canetas. É muita esquisitice para a minha cabecinha: coisas que deveriam circular, como as moedas, ficam paradas nos bolsos, enquanto pagam o cafezinho com nota de dez. E coisas como as canetas, que, na minha opinião, não deveriam circular, circulam que é uma beleza!





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