02 maio, 2006

 

Calendário Celta

Antes de escrever aqui sobre o “Beltane Festival” (figura ali embaixo), preciso explicar um pouco o contexto da coisa. Como eu não entendo de cultura celta, correções e acréscimos são muito bem vindos, especialmente da P, que entende do assunto!



O atual festival Beltane de Edimburgo tem origem em festivais pré-cristãos escoceses e irlandeses com o mesmo nome. Antes de os romanos dividirem as estações em um calendário de 12 meses, o ano celta era marcado por quadro eventos: “Beltane”, “Lughnasadh”, “Samhuinn” e “Imbolc”. Destes, o Beltane era o mais frequentemente e significativamente celebrado. Os festivais não aconteciam em datas fixas, mas eram estabelecidos de acordo com as atividades pastoris.

Beltane
Acredita-se que este nome é derivado de uma palavra gaélica-celta que significa “fogo brilhante/sagrado”. Era marcado pelo surgimento de flores nas árvores e coincidia com a época em que era recomendável levar o gado para pastagens nas “highlands”, para o verão. O festival, portanto, era uma das principais ocasiões em que toda a comunidade se unia com a única tarefa de garantir boa sorte para si e para seus rebanhos na estação seguinte. Não acontecia em datas solares fixas (a tradição de solstícios e equinócios tem origem posterior), mas geralmente acontecia na primeira lua cheia depois do que hoje é o dia Primeiro de Maio. Seria o tempo de fazer novos elos dentro da comunidade e entre comunidades.
O Beltane era uma celebração da fertilidade da terra e seus animais. O principal elemento, comum em todos os festivais Beltane, é o fogo. Todo o fogo da comunidade era apagado e um novo fogo sagrado era criado pelo líder da comunidade. Acreditava-se que as chamas e a fumaça tinham o poder de purificar os rebanhos, protegendo-os durante o ano vindouro e garantindo uma extensa prole. Os habitantes das vilas levavam tochas do novo fogo para suas casas e dançavam no sentido horário ao redor das fogueiras para garantir boa sorte para suas famílias.


Samhuinn
O Festival Samhuinn tem o papel oposto do Beltane. Era o ano novo celta, embora a sua prática tenha início anterior à cultura celta. Marcava o final do verão e a época de trazer os rebanhos das pastagens de verão para os campos das “lowlands”. Com os sinais de aproximação do inverno, é compreensível que este festival tivesse uma forte associação com a morte. As árvores estavam sem folhas e toda a natureza parecia estar morrendo.
Acreditava-se que a noite do festival era a noite dos mortos, uma época para que os espíritos dos mortos no ano anterior fizessem uma última visita aos seus parentes, antes de partir definitivamente para o outro mundo. As pessoas também tinham que se proteger contra os espíritos malígnos do submundo, que tiravam vantagem da proximidade entre o mundo dos vivos e o mundo dos mortos para aparecer e criar confusão. Originalmente as pessoas usavam máscaras para desviar a atenção dos espíritos malignos e disto evoluiu a tradição do “Halloween” moderno, de usar máscaras.
O principal tema das narrativas ancestrais era a batalha entre luz e trevas, verão e inverno. Os dois personagens brigam até a morte, com o inverno vencendo o verão, mas uma espécie de curandeiro consegue reviver o personagem do verão, para garantir o retorno da primavera e da luz.


Imbolc
“Imbolc” é o festival que marca o início da primavera e celebra o retorno dos meses quentes (?) do ano. O festival tem foco no “Cailleach”, que dá à luz o sol, o garoto dourado. Isto representa o primeiro sinal de aquecimento para os meses seguintes e o final do reinado de “Cailleach” durante o inverno. “Imbolc” é uma palavra irlandesa/gaélica que significa “no ventre” e indica que a terra está pronta para, mais uma vez, dar à luz a vida na primavera.
“Brigid” é outra personagem associada ao Imbolc. Ela é considerada uma guardiã do aprendizado, das profecias e poesias e, no “Imbolc”, é a esposa de ”Cailleach” e dá à luz e amamenta o garoto dourado até que aconteça o Beltane.
O fetival geralmente acontece no início da primavera. É uma época para as pessoas da comunidade celebrarem seu sucesso depois de sobreviver durante o inverno e esperarem pelo retorno da primavera e do verão.

Lughnasadh
“Lughnasadh” é o tradicional festival de verão. O nome, com origem na Irlanda do sul, significa “corn king” (rei do milho) e tem relação com a colheita de trigo (sei que é estranho, mas a tradução é essa, galera!) naquela região. “Lughnasadh” era o tempo de festas, brincadeiras e jogos que lembram as olimpíadas. Acontecia na época da primeira colheita. Alguns jogos ainda podem ser vistos nos tradicionais campeonatos escoceses das “highlands”, que acontecem nos meses de verão.
Na mitologia irlandesa, “Lugh”, que simboliza a colheita, deve encontrar uma esposa. Entretanto, só encontra uma noiva e tem que lutar com outro pretendente por ela. “Lugh” é morto durante a luta. Seu assassinato simboliza a colheita e também o fim do verão, que é visto em “Samhuinn”.
Uma tradição comum no “Lughnasadh” era uma espécie de casamento em que ambas as parte concordavam em permanecer juntas por um ano e um dia. Se depois deste período o casal continuasse junto, seriam considerados marido e mulher. Mas, se desejassem, poderiam se separar depois deste tempo.

Fotos retiradas do site oficial.






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