10 maio, 2006
O castelo da Madame Sheena
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(foto de bonecos em uma das celas da antiga prisão do Castelo de Edimburgo)
Depois de quase 6 meses morando naquela pensão, quase tudo o que aquela senhora faz me irrita profundamente. Uma das coisas irritantes é a mania de personificação dos objetos. Em vez de escrever, por exemplo, “por favor, apague a luz quando sair”, ela cola ao lado do interruptor um bilhetinho assim: “apague-me antes de ir dormir”. Os bilhetinhos estão espalhados pela casa toda:
_ no cesto de lixo da cozinha: “esvazie-me”
_ na porta da geladeira: “feche-me direito ou vou estragar sua comida”
_ na porta da rua: “não me deixe aberta quando sair”
_ nos chocolates vencidos que ela ganhou e não sabe o que fazer com eles: “coma-me”
Ah, fale como gente, minha filha! Que coisa! Tudo bem, tenho que admitir que em inglês os recados não ficam tão grotescos quanto em português. Mas, ainda assim, quando entro em casa me sinto a Alice no país dos horrores, com relógios de parede e escrivaninhas pulando na minha frente e balançando os dedos no meu nariz, me dando ordens.
Outro dia comecei a ler um dos recados e, antes de ler a “assinatura”, pensei que houvesse alguém doente, de cama em casa: “por favor, me dê água e comida às 4 horas. Obrigado! Muitas lambidas! Au, au, Dal”. Sobrou até para o pobre do cachorro (Dal)!
Ih, Dal, se você soubesse falar, contaria cada coisa, em?
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(foto de bonecos em uma das celas da antiga prisão do Castelo de Edimburgo)
Depois de quase 6 meses morando naquela pensão, quase tudo o que aquela senhora faz me irrita profundamente. Uma das coisas irritantes é a mania de personificação dos objetos. Em vez de escrever, por exemplo, “por favor, apague a luz quando sair”, ela cola ao lado do interruptor um bilhetinho assim: “apague-me antes de ir dormir”. Os bilhetinhos estão espalhados pela casa toda:
_ no cesto de lixo da cozinha: “esvazie-me”
_ na porta da geladeira: “feche-me direito ou vou estragar sua comida”
_ na porta da rua: “não me deixe aberta quando sair”
_ nos chocolates vencidos que ela ganhou e não sabe o que fazer com eles: “coma-me”
Ah, fale como gente, minha filha! Que coisa! Tudo bem, tenho que admitir que em inglês os recados não ficam tão grotescos quanto em português. Mas, ainda assim, quando entro em casa me sinto a Alice no país dos horrores, com relógios de parede e escrivaninhas pulando na minha frente e balançando os dedos no meu nariz, me dando ordens.
Outro dia comecei a ler um dos recados e, antes de ler a “assinatura”, pensei que houvesse alguém doente, de cama em casa: “por favor, me dê água e comida às 4 horas. Obrigado! Muitas lambidas! Au, au, Dal”. Sobrou até para o pobre do cachorro (Dal)!
Ih, Dal, se você soubesse falar, contaria cada coisa, em?