12 março, 2007

 

Um parto

(Atenção, se você é uma “mother to be”, peça a seu marido para ler e contar uma versão adaptada, ok?)



Era madrugada, acordamos com um trovão e Z foi ao banheiro. Quando ele voltou, eu estava em pé olhando uns pinguinhos caindo no chão:

_ Será que a bolsa rompeu?
_ Bom, terça-feira de carnaval, de madrugada, com uma tempestade caindo lá fora... só falta mesmo a bolsa romper!

Em seguida entrei no box, comecei a dar risada com outra gracinha dele, e, aí sim, o líquido jorrou tivemos certeza de que era da bolsa.

Fomos para a maternidade, Z visivelmente nervoso e eu tentando criar uma atmosfera de paz, tranqüilidade e serenidade para o nascimento do meu filho. Este empenho e o fato de ainda não estar sentindo dor foram fundamentais para fazer o caminho até a maternidade com calma, conversar com a secretária, preencher milhares de cadastros, tentar acalmar o marido, pedir e insistir para que chamassem o médico que fez meu pré-natal e esperar longamente por alguém para me atender.

Parece que foi até sincronizado, assim que me internaram em um quarto comecei a sentir “as dores”. No início a sensação era de ter tomado um laxante poderoso depois de uma semana de prisão de ventre. “Rá”, pensei, “se a dor é essa eu encaro!”.

Algum tempo depois eu já tinha esquecido essa papagaiada toda de clima de tranqüilidade e só queria que a cabeça do menino saísse logo. Já tinha rolado pela cama procurando sem sucesso uma posição que abrandasse as dores, e, quando meu médico finalmente chegou, só deu tempo de pedir para o Z: “tampa a minha bunda, tampa a minha bunda”. Eu estava com uma daquelas camisolinhas de hospital, ajoelhada na cama com a bunda para cima e a cabeça apoiada no travesseiro. Aliás, acho que se meu marido não desistiu de mim naquele momento não desiste mais!

Aleluia, eu estava com 7 cm de dilatação e poderia finalmente tomar a tal da anestesia para o parto normal. Fui para a sala de parto e meu médico chegou rindo, contando que meu marido estava tão nervoso que tinha perdido a aliança no vestiário. Depois Z contou que já estava todo vestido com touquinha, avental, aquela coisa toda e não achava a aliança, então agachou e começou a andar como um sapo pelo vestiário, para procurar embaixo dos armários sem sujar a roupa.

Enquanto isso, na sala de justiç... quero dizer, na sala de parto, as enfermeiras desligando o ar condicionado pensando que eu estava com frio (na verdade estava um calorão daqueles), porque eu tremia muito. Não era frio, não sei explicar. Provavelmente medo mesmo!

Chegou o pediatra, conversando animadamente com o anestesista sobre Beth Carvalho e a Mangueira e perguntando cadê o equipamento. “Hã?” “É, o equipamento! Não vão filmar, fotografar, nada?” Z mostrou que ainda tinha juízo e respondeu que eu não queria. O pediatra, “anos de experiência”, respondeu apontando para o obstetra: “não filha, a gente não vai tirar fotos daquele ângulo, pode ficar tranqüila”. Foi assim que Z garantiu as fotos do nascimento!

Demorou um pouco para a anestesia fazer efeito. Perguntaram se eu estava sentindo algum formigamento, mas na verdade só fui sentir o tal do formigamento quando o bebê já estava saindo. O anestesista repetindo no meu ouvido “faz força de fazer cocô, faz força de fazer cocô” e eu pensando “meu filho, bem se vê que você é homem, a força aqui está em outra escala!”.

Nasceu! Papai feliz, médicos felizes, mamãe anestesiada. Eu só lembrava de uma amiga minha, contando que, quando deram a anestesia no parto dela, ela olhava para os médicos e enfermeiras e dizia “eu quero dar um beijo na boca de todos vocês!”

P.S.: Os direitos autorais desta fofura e da foto desta fofura são todos meus!





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